POR QUE FAZER ANÁLISE?
- Luiza Andriollo
- 5 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de jun.
Resistência e Liberdade

O processo de análise não é algo rápido na medida em que trata-se de um profundo olhar para dentro de si mesmo e que requer comprometimento com sua própria melhora (por mais difícil que isso seja, às vezes).
A análise é capaz de mostrar ao analisando as estruturas que o aprisionam, o que vem acompanhado, necessariamente, de uma resistência a esse processo.
Mas por que o ser humano apresenta essa resistência à sua própria melhora? Porque a própria estrutura que o faz sofrer é a maneira pela qual o sujeito conseguiu se proteger de algo que lhe foi nocivo, de modo que seu atual sofrimento é sua própria defesa (é assim que a neurose se constitui, sucintamente explicando em palavras). Desta forma, a fortaleza protetora do sujeito é sua própria prisão.
Para Freud, a resistência é algo positivo e necessário para a análise na medida em que é, justamente, essa própria estrutura de proteção que está em jogo.
Perceber essa “edificação” não é nada fácil, afinal de contas, como diria Saramago, “é preciso sair da ilha para ver a ilha”.
O desafio da análise não pára por aí (mas, há de se ressaltar, que o desafio vale a pena, pois trata-se do desafio da própria vida). Não pára por aí porque perceber essa edificação e “desabsolutizá-la” gera medo, o qual também deve ser vencido com paciência e persistência. É como se fosse o início de uma rebelião, uma rebelião necessária.
Desta forma, o processo desenrola-se de forma complexa e não linear, na medida em que a pessoa vai se expondo aos poucos ao desconhecido, e muitas vezes necessita voltar para sua fortaleza/prisão, para sentir-se mais segura, o que é completamente normal e compreensível.
Assim o tecer da análise vai acontecendo e a pessoa, avançando. Sua vida, através de seu próprio esforço e comprometimento, vai melhorando significativamente. Importante ressaltar que o analisando é o protagonista dessa elaboração, e o analista, por sua vez, é seu guia, seu apoio, o meio para que essa caminhada seja possível.
A tomada de consciência é o primeiro passo para a liberdade, e os níveis de liberdade parecem ser infinitos.
Por Luiza Andriollo
